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Informações

Introdução

Nesta seção você encontrará entrevistas exclusivas com várias personalidades, sejam elas cantores ou pessoas envolvidas na produção e/ou licenciamento da série.

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Mário Lúcio de Freitas

Mário Lúcio de Freitas

Mário Lúcio de Freitas é uma das personalidades mais importantes do mundo dos Cavaleiros do Zodíaco no Brasil na década de 90. O sucesso da série daquela época está inteiramente ligado ao trabalho do Mário Lúcio e poucos fãs sabem da sua importância. Confira uma super entrevista, com revelações interessantes:

A entrevista foi realizada no dia 19 de outubro de 2011.

Pergunta 1: Fale um pouco sobre você, como você iniciou no ramo da dublagem etc?

R: Sou dublador desde os anos 60, quando dublei a mim mesmo na série "O Vigilante Rodoviário", mas como diretor geral de dublagem, iniciei exatamente em 1993, ainda na Marshmallow. Mas não faço somente dublagem. Sou produtor e diretor musical e de dramaturgia, compositor, arranjador, autor de canções e livros e também ator.

Pergunta 2: Os Cavaleiros do Zodíaco é uma série que marcou a dublagem, assim como a Gota Mágica, você pode nos contar como foi a negociação para que a série fosse dublada por vocês?

R: Eu estava saindo da sociedade do Estúdio Marshmallow e criando uma nova produtora, a Gota Mágica. Quando, de repente, me liga alguém me dizendo que traria uma série para o Brasil e que me indicaram para dublá-la. Nem sei até hoje quem fez isso. Como eu estava saindo da sociedade, mas ficaria ali, utilizando um de seus estúdios por mais um ano, achei que não seria uma boa dublar uma série desconhecida no Brasil. Então chutei um preço acima do mercado para não pegar o trabalho. Mas o cliente estava decidido que eu fizesse a dublagem e ela acabou acontecendo. O cliente era o Manolo, da Samtoy, e a série era nada mais, nada menos do que Os Cavaleiros do Zodíaco, o maior sucesso de todos os tempos.

Pergunta 3: Fale quais foram suas primeiras impressões sobre a série?

R: Eu a achei fantástica. Meus filhos se apaixonaram. Compraram todos os bonecos. Quase me quebraram (risos).

Pergunta 4: Como foram os trabalhos da dublagem da série? Como eram escalados os dubladores?

R: Os principais fui eu mesmo que escalei, pois eram filhos do diretor de dublagem (Gilberto Baroli, o Saga de Gêmeos) e ele achava que não deveria escalá-los. Os demais foi o próprio Baroli quem escalou. A primeira série foi dublada ainda nos estúdios da Marshmallow (dos episódios 1 ao 51) e a segunda (do episódio até 52 o 114, além dos quatro filmes antigos) já no novo estúdio da Gota Mágica.
Obs.: Temos aqui uma informação importante e que provavelmente poucos fãs sabiam: apesar de ser creditado "Versão Brasileira Gota Mágica" nos primeiros episódios, eles foram dublados nos estúdios da Marshmallow, também em São Paulo! Depois que a série estourou, o restante dos episódios foram dublados normalmente na Gota Mágica. Outra informação interessante é que a Samtoy disponibilizou de graça apenas os 51 primeiros episódios da série, ou seja, caso ela fizesse sucesso (e fez), a Manchete teria (teve) que comprar o restante.

Vinheta "Versão Brasileira, Gota Mágica, São Paulo!":

Mário Lúcio de Freitas na época da Gota Mágica! Rara foto durante as gravações nos estúdios da Gota Mágica!
Fotos da década da 90 nos estúdios da Gota Mágica!

Pergunta 5: Os textos eram traduzidos e adaptados por quem? Sabemos que eram baseados no espanhol e temos também os casos já conhecidos da interferência dos executivos das empresas que tinham produtos da série na adaptação do texto, como por exemplo trocar Unicórnio por Capricórnio para vender os bonecos. Como foi isso?

R: Isso mesmo. Como a série já havia sido traduzida, fomos traídos pelos erros e modificações da versão espanhola. Mas tinha que bater com a coleção de bonecos. Afinal, a Samtoy era a patrocinadora e os desenhos deveriam ajudar a vender os brinquedos, é claro.

Pergunta 6: Como o sucesso da série refletiu na Gota Mágica? Você poderia contar o seu ponto de vista do sucesso da série na década de 90?

R: A repercussão foi fantástica. Fizemos mais umas 10 ou 12 séries nesse embalo. Transformou o estúdio no maior centro de dublagem de São Paulo. Depois, abrimos os trabalhos para a imprensa. Fomos os primeiros a fazer isso. Até então, o dublador era um profissional anônimo, bem diferente do que ocorre hoje em dia.
Obs.: A imprensa que o Mário Lúcio de Feitas se refere são as revistas especializadas da época (Herói, por exemplo) que começaram a fazer matérias com entrevistas com os dubladores. O fato foi marcante mesmo e até hoje os dubladores creditam o sucesso dos Cavaleiros do Zodíaco para o interesse do público perante eles.

Capa do CD musical brasileiro lançado em 1995!

Pergunta 7: Qual a sua participação no CD Musical da época? Como foram escolhidos os cantores? Por quê o primeiro tema de abertura cantado pela Sarah Regina não entrou no CD Musical?

R: A primeira abertura (Os Guardiões do Universo), que veio da Espanha, para a qual fizemos a versão, foi cantada pelo coro da Gota Mágica. Para o CD, fiz a produção, arranjo e composição de várias canções, que foram gravadas em São Paulo. Uma outra parte foi feita no Rio. Escolhi pessoas do cast da Gota Mágica para cantar essas canções (Sarah Regina, Felipe Firmo, Rodrigo Firmo e Karina Firmo). A abertura espanhola, convertida para o português, não entrou no disco, porque a gravadora queria lançar alguns artistas novos (no caso, Larissa e William) e nada melhor do que a música de abertura para promovê-los.
Obs.: Até então imaginávamos que a música Guardiões do Universo havia sido cantada apenas pela Sarah Regina, mas hoje descobrimos que teve participação dos seus filhos também. Com relação ao CD, ele foi um sucesso absurdo, vendendo milhões de cópias em todo o Brasil (ele foi lançado em CD, LP e K7).

Pergunta 8: Muitas séries foram dubladas pela Gota após Os Cavaleiros do Zodíaco, porém o estúdio chegou ao fim no final dos anos 90. A que você atribui isso?

R: Não foi falta de trabalho, foi falta de elenco. A Gota era uma empresa familiar e, em um determinado momento, eu fiquei sozinho, e não poderia fazer voz de criança, de mulher etc. Por isso, por problemas extra campo, ela fechou, e não por falta de reconhecimento de seu trabalho marcante, o que ocorre até hoje.

Raro logotipo da Gota Mágica!

Pergunta 9: Você possui algum material referente a Gota Mágica ainda? Fotos, logotipo da empresa etc? Algum tempo atrás, conversando com o Gilberto Baroli, ele nos mostrou algumas camisetas da Gota Mágica.

R: Ah é? Nem me lembrava disso (riso), mas tenho sim algumas fotos, poucas, mas se entrarmos no You Tube e procurarmos pela Gota Mágica encontraremos centenas de vídeos por lá. O trabalho, realmente, marcou época.
Obs.: A camiseta que nos referimos na pergunta acabou sendo um presente do dublador Gilberto Baroli ao site CavZodiaco.com.br, por isso conseguimos ver como era o logotipo da Gota Mágica.

Pergunta 10: Você já viu ou ouviu falar das séries novas de Cavaleiros, como a Saga de Hades em anime ou os mangá de Episodio G e Lost Canvas, e até os novos brinquedos, os bonecos Cloth Myths? O que você pensa dessa expansão da série?

R: Pelo sucesso que teve nos anos 90, tinha que haver um desdobramento, mas sinceramente não venho acompanhando esse material.

Pergunta 11: O que você acha do público de Anime e Mangá? E especificamente os fãs de Cavaleiros do Zodíaco? Como vê esse público mais fanático?

R: Vejo com muito carinho. Afinal, fiz parte do início desta fase, e tenho muito orgulho disto.

Pergunta 12: Com a advento da Internet um novo movimento começou a surgir há alguns anos, os Fandubbers, que são grupos de fãs que se reunem para dublar as série que apreciam, isso ocorreu até com Cavaleiro do Zodíaco com um grupo, que em homenagem a já extinta Gota Mágica, foi batizado com o mesmo nome. O que você acha desse movimento?

R: Acho que seja uma homenagem, à qual agradeço. Que bom que o pessoal pensa assim, né? É uma valorização merecida à classe de dubladores.

Pergunta 13: Você chegou acompanhar a série? Se sim, qual seu personagem preferido e por quê?

R: Tinha vários. Fizemos canções para homenageá-los. Mas o que mais me marcou foi o "Mestre do Mal", cuja música eu mesmo cantei no disco.
Obs.: Mário Lúcio de Freitas trabalhou efetivamente em 5 das 13 músicas presentes no CD (Mestre do Mal, Shina, Marin, Rap do Zodíaco e Força Astral.

Música "Mestre do Mal", presente no cd brasileiro:

Pergunta 14: O que você andou e anda fazendo no últimos tempos?

R: Ando fazendo várias produções. Criamos, em parceria com Hellen Palácio, a coleção Contando e Cantando Cantigas de Roda. São dez livros, com CD, interpretados, com ruídos, músicas incidentais, etc. com histórias baseadas na cultura oral brasileira. Dirigimos também a audionovela de Zíbia Gasparetto, do livro "Se abrindo pra vida", fizemos uma abertura para o MEC (A física e o cotidiano), etc. Tem tudo em meu site www.marioluciodefreitas.com.br.

Pergunta 15: O Filme do Abel (aquele que passou nos cinemas) e depois a Saga de Asgard, tiveram alteração na trilha sonora e na ME. Como foi este processo? De quem foi a decisão de mexer neste material? Por incrível que pareça, foi uma das melhores coisas que fizeram no Filme do Abel, já que transformou aquela versão do filme em algo único. A versão original japonesa é muito monótona, dá vontade de dormir, diferente da versão brasileira. Recentemente a PlayArte relançou o filme, mas obviamente com a versão "sem graça" japonesa. Muitos fãs perguntam e agora nós também: existe alguma forma de recuperar esta ME ou é um daqueles casos perdidos na história?

R: Se você parar para pensar, essas modificações nas trilhas sempre foram uma constante na Gota. Dentro dos próprios capítulos aparecem trechos das canções do CD. Mas infelizmente, esse material foi feito e enviado para a Samtoy, e nada ficou com a gente.
Obs.: Infelizmente nunca teremos acesso aquela trilha sonora, já que a Samtoy não existe mais e o conteúdo "master" não deve existir também. De qualquer forma, a modificação que fizeram na trilha sonora do filme do Abel foi uma das melhores coisas para a série na época. A trilha sonora original do filme, perto da brasileira, é bem monótona mesmo (conforme pode ser observado na redublagem do filme para lançamento em DVD pela PlayArte). De qualquer forma, a sorte entrou em ação novamente aqui, já que resolveram fazer a mudança apenas para promover o CD, mas o trabalho foi feito de forma tão bem feita e eficiente, que até hoje é lembrado pelos fãs.

Pergunta 16: O CD musical brasileiro foi realmente lançado na Espanha? Existe algum registro disso? Capa etc

R: Foi lançado no Chile. Por sinal, usaram meus arranjos por lá (risos).

Capa do CD chileno!
Capa do CD chileno lançado em 1996 pela Columbia.
CLIQUE AQUI para fazer o download de todas
as músicas, que inclusive mantiveram a
mesma melodia das músicas brasileiras!

Confira a mensagem deixada pelo Mário Lúcio de Freitas:

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última atualização realizada em: 13/04/2021