Ontem recebemos os dois primeiros volumes da nova compilação do mangá dos Cavaleiros do Zodíaco, intitulada de Final Edition.
Abaixo elencamos diversos pontos que nos chamaram a atenção, bem como fotos comparando a Final Edition com as outras versões regulares do mangá (Tankobon, Bunkoban, Aizoban e Kanzenban). Neste post focaremos no volume um apenas (a análise do volume 2 será feita em outro post):
- O mangá é uma publicação da editora Akita Shoten, na qual Kurumada vem trabalhando com Cavaleiros do Zodíaco desde 2003. Anteriormente Saint Seiya era publicado na editora Shueisha e não sabemos ainda o quão complexa foi esta mudança analisando a questão contratual da obra. Vale lembrar que Kurumada continua trabalhando também com a Shueisha, mas no caso com outra obra sua, o mangá Otokozaka. Então, a princípio, não tem nada de briga do mestre Kurumada com a Shueisha. O que dá a entender é que na Akita Shoten ele tem mais liberdade para trabalhar com Saint Seiya, inclusive o possibilitando a trabalhar no seu ritmo (o que gera hiatos, como no caso de Next Dimension).
- Final Edition traz uma revisão dos diálogos, onde praticamente todas as páginas tiveram modificações. Em um primeiro momento, é possível identificar que as mudanças são, na verdade, atualizações para uma linguagem mais atual, para uma leitura mais acessível à geração atual japonesa, muitas das vezes levando o assunto de forma mais direta e resumida. Aqui vale uma observação importante: no que diz respeito a isso, Final Edition faz mais sentido ao público japonês mesmo. Caso um dia Final Edition seja publicado no Brasil, fica a dúvida com relação a linguagem, já que nas edições já lançadas por aqui sempre tivemos adaptações. Ao menos que tenhamos uma tradução 100% fiel ao material original, não vemos um apelo grande neste quesito para um possível lançamento por aqui. Caso queiram ver uma análise mais aprofundada sobre isso, o fã Douglas Bezerra da Silva postou um vídeo comentando sobre os diálogos modificados.
- Há muitas modificações nos desenhos dos personagens e armaduras. Aqui vale uma ressalva importante: muita gente tem postado fotos de comparações na Internet e estão cometendo um equívoco enorme. Enaltecemos isso porque as comparações estão sendo feitas em cima das versões Tankobon, Bunkoban e Aizoban, quando deveriam ser feitas em cima do Kanzenban. Muitos dos pontos destacados como novos da Final Edition já tinham sido modificados nos Kanzenbans. Talvez ninguém se deu conta na época dos lançamentos dos Kanzenbans, em 2005, de que já tivemos diversas mudanças e, agora com o lançamento da Final Edition, ficou a sensação que tudo que foi mudado é novo. É uma falsa sensação de que Final Edition trouxe uma infinidade de melhorias, quando não é 100% verdade.
- A questão do enquadramento das imagens é um caso a parte. Nas edições mais antigas, tínhamos cortes de algumas páginas nas laterais, topo e parte de baixo. Isso foi ajustado nos Kanzenbans. Entretanto este assunto acaba merecendo mais destaque, já que temos um mix estranho de cortes na Final Edition (em algumas páginas apenas) em comparação ao Kanzenban (imagem cortada no Final Edition e no Kanzenban não) e o contrário também acontece, mas em menor quantidade (ou seja, no Kazenban a imagem está cortada e no Final Edition não).
- Continuando no assunto modificações de desenhos, quando comparamos com os Kanzenbans, podemos ver algumas melhorias sim. Obviamente há grande mérito na Final Edition, isso é inegável. Personagens com silhuetas mais de acordo com o padrão adotado durante todo o mangá, melhorias em detalhes das armaduras e por aí vai. Não vamos mostrar todas as mudanças, mas aqui funciona quase que como um jogo de "7 erros", onde se torna até divertido ficar procurando as diferenças, comparando, mais uma vez, com os Kanzenbans.
- O mangá é todo em preto e branco. Ficamos um pouco decepcionados inicialmente com isso, mas aqui tentaremos explicar o porque. Na verdade trata-se de uma expectativa criada, por vários fatores, que acabou não se concretizando. Primeiro, quando se nomeia o mangá de Final Edition (Edição Final), você entende que vão pegar a melhor versão lançada anteriormente (que no caso é a Kanzenban) e vão seguir o mesmo padrão ou até melhorar. O Kanzenban possui algumas páginas coloridas e diversas com aquela coloração avermelhada, seguindo o padrão de quando elas foram lançadas nas revistas Weekly Shonen Jump, no final dos anos 80 e começo dos anos 90. Segundo que toda a apresentação visual do mangá, desde a capa e a contra-capa, segue o padrão do mangá Next Dimension, que no Japão tem um tratamento "premium", com um papel de altíssima qualidade e todas as páginas coloridas. OK, era pedir demais que todo o mangá clássico passasse por um processo de colorização neste momento, mas esperávamos que fosse utilizado o mesmo papel "premium" de Next Dimension pelo menos. Não é o caso de Final Edition, que utiliza um papel mais comum aos tankobons no Japão hoje em dia (parecido com o de Saintia Shô, por exemplo). Até o papel do Bunkoban, que visa ser uma edição de bolso, parece ser melhor do que o de Final Edition. Se a ideia era dar um aspecto de continuidade de Final Edition para Next Dimension, manter o mesmo padrão de papel seria importante. Pode até ser que a questão de ser tudo em preto e branco abra possibilidades de, no futuro, termos uma versão melhoradas, algo como um Kanzenban de Final Edition, aí sim com as páginas coloridas.
- Com o mangá em mãos, a frustração foi um pouco embora. As capas estão lindas. Além disso, como todos sabem, somos colecionadores, e ter uma nova compilação do mangá clássica em mãos é muito bacana. Para os fãs terem uma ideia, além de todas as versões que já citamos (Tankobon, Bunkoban, Aizoban e Kanzenban), o mangá clássico foi relançado em diversas períodos diferentes na versão Jump Remix da Shueisha (que é uma versão mais simples, com muito material extra e promocional sempre que algo novo de anime era lançado, por exemplo), na qual sempre colecionamos também. Com base nisso, não nos incomoda em nada uma nova compilação, muito pelo contrário. Final Edition é uma boa pedida para colecionadores, mas talvez nem tanto para fãs que acompanham a série de uma maneira mais esporádica.
- Sobre o conteúdo em si, Final Edition começa com a minissérie Episódio Zero, lançada em 2017 pelo mestre Kurumada (a diferença é que na ocasião em que ela foi lançada, era totalmente colorida, e agora foi publicada totalmente em preto e branco). Uma das grande propagandas desde o começo era justamente a inclusão das minisséries, agora compiladas. Talvez o maior trunfo de Final Edition seja esse mesmo, unificar tudo em uma única publicação. Logo após Episódio Zero, temos o início do primeiro capítulo do mangá clássico. As outras duas minisséries com certeza serão encaixadas na história de maneira oportuna. Pode até ser que Kurumada lance novas minisséries no decorrer de Final Edition, vamos aguardar.
- As medidas de largura e altura de Final Edition são um pouco maiores do que o do Tankobon. Com base nos dois primeiros volumes, não dá pra cravar quantos volumes teremos. O volume 2 termina no mesmo capítulo que o segundo Kanzenban, mas com a adição do Episódio Zero no primeiro volume, a conta ficou desbalanceada. Teremos que aguardar os volumes 3, 4 e 5 para vislumbrar a quantidade exata de volumes. Sobre os capítulos, temos uma diferença: agora os capítulos são nomeados como "Partes", assim como acontece em Next Dimension. Há uma categoria acima chamada de "Episódios", onde temos o "Episódio Zero" e a série clássica começando com o nome de "Episódio Atena".
- Um fato curioso que percebemos é que no volume 1 de Final Edition, na luta do Seiya contra o Cássius, uma página não está presente (mostrando o Seiya e a Pandora Box de Pégaso). O fato é estranho, pois esta página está presente em todas as outras compilações (Tankobon, Bunkoban, Aizoban e Kanzenban).
- O objeto da Armadura de Pégaso foi totalmente remodelado, conforme pode ser visto no esquema de montagem da armadura.