Confira uma super matéria sobre o evento Otacon, que aconteceu sábado passado em Brasília. A matéria foi feita pelo fã Rígel F. do C. Alves e as fotos são do fã Daniel Martins da Costa!
1. O evento em si:
O Otacon foi realizado em Brasília, no Centro Educacional La Salle, que é um colégio particular católico da cidade. Ele tem um pátio central a céu aberto em seu centro, cercado por todos os lados de um prédio de dois andares, além de quadras de esporte ao lado etc. Em ambos os dias do evento, o colégio ficou cheio de fãs de anime e mangá, boa parte deles fantasiados (os cosplayers).
No pátio central, numa ponta ficavam as barracas de comida, uma delas de comida oriental e outra comum. Infelizmente, a barraca japonesa fechou cedo nos dois dias. Perto daí, ficava a local dos fliperamas; com exceção de um, com um jogo de futebol, todos os outros eram de jogos de luta. Houve inclusive torneios neste último tipo.
Muitas das salas de aula do colégio, no térreo, primeiro e segundo andares, foram reservadas para abrigar as atrações do evento; as demais estavam trancadas. Haviam lojas de vendas de roupas comuns com desenhos de animes e lojas de roupas orientais mesmo. Também estavam vendendo utensílios inspirados no Japão, espadas em miniatura e em tamanho real. Como de costume, havia uma sala reservada para venda de mangás, cartas de jogos como Yu-gi-oh etc.; tinham também salas reservadas para pessoas que queriam disputar estes jogos de cartas (Pokémon etc.).
Continuando, também haviam as salas de exibição de animes. Eram ao todo três, sendo uma especial, equipada com um aparato melhor de som (uma espécie de mini-cinema improvisado). Por fim, tinham também as salas dedicadas aos jogos eletrônicos: uma para a Sony, na qual as pessoas jogavam o PlayStation 2, e outra para a Nintendo; nesta última, vale destacar o impacto que o novo console da empresa, o Wii, causou nos presentes, que faziam fila para experimentá-lo.
Nas quadras de esportes, os organizadores prepararam diversões para os participantes: havia touro mecânico, batalha campal etc.
2. Bate-papo com os dubladores dos Cavaleiros do Zodíaco:
2.1 Primeiro dia:
Na principal quadra de esportes do colégio, que era coberta, os organizadores montaram um palco no qual se exibiram as bandas que tocaram no evento. Foi também deste palco que os dubladores dos Cavaleiros do Zodíaco conversaram com os fãs, que se reuniram na quadra e nas arquibancadas do local. Neste primeiro dia, estavam presentes os dubladores Élcio Sodré (Shiryu de Dragão), Ulisses Bezerra (Shun de Andrômeda), Leonardo Camilo (Ikki de Fênix) e Gilberto Baroli (Saga/Kanon de Gêmeos). Leonardo explicou que Francisco Bretas, dublador do Hyoga de Cisne, estava com uma peça de teatro em cartaz em São Paulo, por isso não pôde vir. Hermes Baroli, filho de Gilberto Baroli e dublador do Seiya de Pégaso, só compareceu no segundo dia do evento.
Os dubladores se sentaram em cadeiras no palco e iam respondendo às perguntas que os fãs faziam pelo microfone. Aqui, vou procurar anotar as que tenham mais relação com os Cavaleiros e com o ofício da dublagem. De um modo geral, todos os entrevistados responderam sobre como iniciaram sua carreira na dublagem, seus principais trabalhos, profissionais que os inspiraram etc. Durante o bate-papo, a todo o momento os fãs pediam que os dubladores gritassem os ataques de seus personagens, e cada vez que estes o faziam os fãs iam ao delírio. Os entrevistados também faziam muitas brincadeiras entre si, usando seus personagens.
Durante toda a entrevista, Gilberto destacou muito a importância dos fãs no papel da dublagem: foram eles que exigiram que na redublagem dos Cavaleiros se mantivesse o elenco original da década de 90. Os dubladores também frisaram muitas vezes que foi a partir desta série que o ofício de dublador se tornou conhecido no Brasil, pois os fãs se interessaram em saber quais eram as pessoas que estavam por trás das vozes dos seus personagens.
Contudo, infelizmente nem tudo vai bem no que diz respeito à dublagem no Brasil. Gilberto aconselhou os fãs que quem pudesse seguir a profissão de advogado, engenheiro etc. devia escolher por isso; a dublagem não oferece bons salários, além de, no nosso país, estar toda concentrada no Rio e em São Paulo. Élcio comentou que quando as empresas responsáveis pelas séries (que eles dubladores chamam de o cliente) perceberem que a razão de ser da dublagem são os fãs, eles darão maior valor ao papel do dublador. Por exemplo, a série Lost (transmitida na TV aberta pela Rede Globo) terá seus dubladores todos alterados a partir da 3ª temporada; isso porque quiseram impor aos dubladores um contrato de trabalho abusivo, no qual estes teriam que renunciar a parte de seus direitos autorais, e como eles não aceitaram, transferiram a dublagem para o Rio de janeiro, em sinal de desprezo pelos fãs.
De fato, Baroli denunciou que hoje os dubladores estão passando por dificuldades para ver respeitados seus direitos autorais e também o que eles chamam de direitos conexos. Neste sentido, sugeriu aos fãs que eles montassem uma associação civil para monitorar e julgar o trabalho dos dubladores, a fim de não aceitarem qualquer coisa que eles recebam das empresas.Ainda falando de dublagem, os entrevistados também comentaram, com pesar, uma espécie de frieza que vem marcando o ofício da dublagem. O dublador não escolhe o personagem que quer fazer; é o diretor de dublagem que o escala. Além, ele não tem tempo, atualmente, para assistir aos episódios primeiro, conhecer a série, seu personagem, para depois começar a dublar. Ele vai para o estúdio, dubla somente as suas falas (que são divididas em partes de 20 segundos, chamadas anéis, que demoram em torno de 2 a 3 minutos para serem dubladas); ele não sabe o que aconteceu na história entre um momento de sua fala e outro. O diretor só diz para ele: agora seu personagem está triste, agora ele está irritado etc. Só o diretor de dublagem se dedica a assistir aos episódios inteiros, até para que ele possa instruir o dublador em suas falas.
2.2 Segundo dia – presença do cantor Edu Falaschi:
No segundo dia do evento, o bate-papo com os dubladores teve prosseguimento, desta vez com a presença de Hermes Baroli, dublador do Seiya de Pégaso. Ele, que vinha pela primeira vez à Brasília, comentou que foi um prazer redublar os 114 episódios de Cavaleiros, corrigindo os defeitos da primeira dublagem, na década de 90.
Falando destes defeitos, Gilberto comentou alguns problemas que eles tiveram na dublagem da década passada. Eles foram obrigados a dizer na série "Jabu de Capricórnio" porque os empresários não tinham o boneco de Unicórnio para vender. Além disso, o áudio que eles receberam estava em espanhol, enquanto que o roteiro escrito em inglês; daí decorreram muitos erros na dublagem.
Prosseguindo na conversa, Hermes comentou que a parte de Cavaleiros que foi mais difícil para ele dublar foi o filme Prólogo do Céu, porque nele Seiya sofre muito. Ele também opinou dizendo que a Saga de Hades foi a saga em que a dublagem ficou mais bem feita.
Num certo momento, veio pela entrada do ginásio o vocalista da banda Angra e cantor de renomadas músicas dos Cavaleiros, Edu Falaschi; ele estava cercado de seguranças e vinha acompanhado de uma multidão de fãs a sua volta. No palco, ele começou cantando Fantasia de Pégaso (Pegasus Fantasy) para o público, depois se sentou com os dubladores para participar da entrevista.
Respondendo aos fãs, Edu confessou que fez as duas primeiras músicas de Cavaleiros (Fantasia de Pégaso e Eterno Azul – Blue Forever) bem rápido. Entretanto, com a música do filme Prólogo do Céu, Nunca mais (Never), ele teve mais tempo e pôde se dedicar melhor.
Por fim, Falaschi também comentou como, em todas as apresentações que ele fazia pelo país, os fãs pediam em massa que ele cantasse no palco as músicas de Cavaleiros do Zodíaco. Neste sentido, Leonardo e Gilberto sugeriram que o Angra gravasse um CD com as músicas dos Cavaleiros incluídas, mas Edu comentou que primeiro era preciso convencer os seus companheiros de banda a aceitar a tarefa. No final, sugeriu-se aos fãs que mandassem muitas mensagens para o site da banda pedindo insistentemente a gravação deste CD.
Depois desta conversa, ainda ocorreram outras coisas no evento: Edu ficou cantando no palco, enquanto os dubladores se dirigiram para uma sala no térreo da escola, onde ficaram dando autógrafos para os fãs. No final, os dubladores voltaram para o palco, onde participaram de um especial de encerramento com uma banda de rock que cantava no local.